Dentre os temas iniciais a serem abordados neste Blog, certamente não poderia faltar a Pirâmide de Acidentes (Perdas), a qual nos proporciona a teoria básica e necessária para se entender toda a lógica das políticas e programas de segurança adotados nas empresas para prevenção de acidentes.
A Pirâmide de Acidentes que será abordada (figura ao lado) é o resultado de um estudo estatístico que representou um marco histórico para a segurança. Este estudo foi realizado em 1969 por Frank E. Bird Jr, um grande nome e estudioso do assunto segurança e controle de perdas. Para realizá-lo, Bird analisou 1.753.498 acidentes industriais que foram reportados por 297 companhias, as quais representavam 21 grupos industriais diferentes, empregando 1.750.000 colaboradores que trabalharam cerca de 3 bilhões de homens-horas durante o período de exposição analisado. O resultado deste estudo é a famosa relação 1-10-30-600 entre os níveis da pirâmide.
Para ilustrar o significado e importância deste estudo, vamos então analisar a Pirâmide de Acidentes de Bird reproduzida abaixo. Cabe ressaltar que além dos níveis originalmente definidos por Bird, foram acrescentados à pirâmide outros dois níveis também muito conhecidos pelos profissionais da área e extremamente importantes para o entendimento da sequência de eventos que leva à um acidente. Os níveis acrescentados estão destacados.
A análise e interpretação dos resultados deste estudo nos mostram que esta pirâmide é uma ferramenta muito útil na prevenção de acidentes e incidentes (Prevenção de Perdas), pois permite um entendimento melhor da relação e sequência de eventos precedentes até a ocorrência de um incidente ou acidente (Perda). A Pirâmide de Acidentes (Perdas) diz para nós que qualquer acidente (RESULTADOS: lesão, dano a propriedade, etc) é o resultado direto de um Perigo (ENTRADAS: ato ou condição abaixo do padrão) que não foi eliminado. A identificação e eliminação de perigos é a única maneira de garantir que estamos controlando nossa segurança. Qualquer perigo tem o potencial para resultar em, no melhor caso, um quase acidente (quase perda), ou no pior caso, uma fatalidade (morte). A probabilidade de uma fatalidade (Perda Maior) é menor do que um quase acidente, mas o potencial esta lá. É somente uma questão de sorte / acaso. E falando em probabilidade, esta pirâmide também mostra que a proporção estatística entre um evento e outro corresponde à relação 1-10-30-600.
Vamos nos aprofundar e exemplificar um pouco mais.
Controle (ENTRADAS)
Controle significa identificar e agir sobre “Situações Abaixo do Padrão - Perigos”, de tal forma a eliminá-los de nosso ambiente de trabalho ou implementar controles que minimizam o risco.
Controle também significa realizar um bom “Planejamento, Avaliação e Gestão”, de todos os fatores relacionados ao trabalho, de tal forma a se evitar a ocorrência dos PERIGOS acima citados.
Para evitar acidentes, nós todos devemos agir nas únicas áreas em que temos controle, e estas áreas se referem aos Perigos e Planejamento, Avaliação e Gestão, que estão na base da Pirâmide de Acidentes (Perdas). Uma vez que um perigo “dispara” uma sequência de eventos, nós perdemos o controle da situação, fazendo com que entremos na área SEM CONTROLE da pirâmide.
• Planejamento, Avaliação e Gestão
Como vimos, existe uma proporcionalidade entre as áreas da Pirâmide de Acidentes (Perdas). Sendo assim, quão melhor for o Planejamento das atividades relacionadas ao trabalho, menor serão os Perigos gerados, pois estaremos diminuindo a base desta pirâmide, o que fará com que todas as outras áreas da pirâmide reduzam proporcionalmente.
• Perigos
Da mesma forma, reduzindo-se a quantidade de Perigos nós proporcionalmente também reduzimos a quantidade de perdas e danos (Resultados).
Sem Controle (RESULTADOS)
Área da Pirâmide de Acidentes (Perdas) resultante da falta de controle, ou controle ineficiente das ENTRADAS (Perigos e Planejamento).
• Quase Perda (Quase Acidente)
Estes são resultados / consequências sobre os quais nós não temos controle. As pesquisas de Bird consideram uma base de 600 Quase Perdas para a definição da proporcionalidade dos demais eventos a seguir.
• Danos a Propriedade / Equipamento
Estes também são resultados / consequências sobre as quais nós não temos controle. As pesquisas demonstram que para cada 600 Quase Perdas ocorridas, 30 Danos a propriedade / equipamento vão ocorrer. Isto significa 1 destes casos em cada 20 Quase Perdas.
• Perda Menor (ex: primeiros socorros)
Estes também são resultados / consequências sobre as quais nós não temos controle. As pesquisas demonstram que para cada 600 Quase Perdas ocorridas, 10 Perdas Menores vão ocorrer. Isto significa 1 destes casos em cada 60 Quase Perdas.
• Perda Maior (ex: morte, incapacidade, “perda de tempo” ou tratamento médico)
Este é um resultado / consequência sobre a qual nós também não temos controle algum. As pesquisas demonstram que para cada 600 Quase Acidentes, 1 Perda Maior vai ocorrer. Isto significa 1 destes casos em cada 600 Quase Acidentes.
Portanto, para evitarmos e diminuirmos a probabilidade da ocorrência de acidentes devemos agir na única área em que temos controle: Na “Base da Pirâmide”
– Planejamento, Avaliação e Gestão;
– Situações Inseguras - Perigos.
E como podemos agir na base da pirâmide? Bem, este pode ser o tema de outro Post neste Blog.
Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente na Prática, com foco no dia-a-dia dos negócios, mas sem esquecer-se da sua aplicação também à vida pessoal e sociedade.
31 de ago. de 2010
25 de ago. de 2010
QSSMA na Prática
Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente na Prática, com foco no dia-a-dia dos negócios, mas sem esquecer-se da sua aplicação também à vida pessoal e sociedade.
Depois de muito tempo de preparação, enfim, estou lançando o Blog QSSMA na Prática, que é resultado de anos de experiência na área, e também o fruto do meu continuo aprendizado trabalhando em companhia de profissionais fantásticos ao longo destes anos.
Lanço o Blog por verdadeira paixão no assunto e com a intenção de atingir alguns objetivos específicos, os quais certamente não serão atingidos no curto prazo, nem tão pouco facilmente atingidos. Acredito que somente através da participação e colaboração dos profissionais e colegas da área na elaboração, manutenção e desenvolvimento deste Blog, as chances de se alcançar tais objetivos serão maiores.
E como objetivos, este Blog tem primordialmente duas intenções:
A primeira é colaborar na discussão e “tradução” de conceitos teóricos sobre o tema que estão atualmente em pauta, de tal modo a torná-los mais básicos, práticos e aplicáveis em nosso dia-a-dia na empresa e na nossa vida em sociedade. A idéia é entendermos estas questões e sua importância em nosso contexto profissional e/ou social, os movimentos e pressões globais em torno do mesmo e como estamos inseridos em todo este processo. Com base nisso tudo, entendermos também a relevância e a necessidade de nossa participação ativa e benéfica em prol da sustentabilidade, seja sob o ângulo da empresa (sustentabilidade empresarial), ou sob o ângulo da sociedade (sustentabilidade do planeta).
Este “audacioso” objetivo, conforme já mencionado, será mais facilmente atingido se contar com a participação dos visitantes do Blog, onde os comentários e as sugestões vão enriquecer não só o tema em pauta, como também estimular a participação e troca de informações e conhecimentos entre os visitantes, o que é parte da próxima intenção deste Blog.
A segunda intenção, também audaciosa, é a de fazer deste Blog mais uma ferramenta que trabalha no sentido de fomentar a reflexão e discussão de assuntos relacionados à QSSMA entre profissionais da área e outras pessoas interessadas no assunto. A intenção é que esta discussão não fique somente no campo teórico, mas que avance também para o campo prático e técnico, permitindo a divulgação e troca de informações e melhores práticas entre os profissionais atuantes na área, criando um sólido e efetivo networking para estas discussões.
Espero que gostem.
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